segunda-feira, 23 de abril de 2012

POSICIONAMENTO

Sei que com meus textos e minhas palavras conquistarei muitos inimigos e desafetos, mas também sei que seguirei cultivando o apreço e o apoio de uma minoria de pensadores intelectuais que ainda lutam pela verdadeira cultura e música gaúcha.
Também sei que isso pode parecer arrogância mas é uma questão de posicionamento...
Nos aguardem.
A seguir, cenas do próximo capítulo...

NOVOS TEMPOS

Tenho visto muitas coisas novas por aí... E não tão boas assim como eu esperava.
Governos sem escrúpulos e em conseqüência nada de valorização na área de Educação, Saúde, Segurança, Cultura, etc.
Confesso a vocês que tiro meu chapéu pra quem, no Brasil, escolhe ser bombeiro, professor, policial civil, policial militar e, principalmente, músico regional...
Y bueno... falemos da minha área, já que não posso mudar o resto...
Explico: vivemos numa época em que não se valoriza mais a cultura regional. Vocês podem até dizer que estou errado e que ainda se vê por aí algumas carinhas carimbadas se apresentando em um ou outro evento com temática regional. Porém, o que se vê é uma "avalanche" (guardem bem essa palavra pois foi a única que me veio na mente pra explicar isso) de duplas "sernatejo universitárias" - o que pude constatar vendo a programação de um grande rodeio que está por vir - invadindo-nos a mente e o espaço musical de nossos eventos culturais regionais. Eu sou do tempo que existiam as "campereadas" e que, hoje em dia, estão batizadas de "rodeios". Pausa para explicar o significado da palavra... Rodeio: (s.m. Giro, volta em redor de alguma coisa.) Isso na língua portuguesa. A palavra é também adotada na linguagem regional aqui no sul como “Bras. (RS) Ato de reunir o gado para marcar, apartar, etc. Parar rodeio, operação de reunir o gado, desde os locais mais distantes até o ponto fixado pelo rodeio”. No entanto, essa palavra foi adotada do idioma inglês “Rodeo”, que significa “Prática em voga nos meios rurais de alguns países que consiste em montar um cavalo ou boi não domesticados”. Portanto, onde quero chegar?
Bueno...
O que quero dizer é que mais uma vez estamos cultuando o que é dos outros e não o que é nosso de verdade.
Está sendo mais comum nesses ditos “rodeios” encontrarmos um chapéu de cowboy substituindo o do gaúcho, uma sela australiana substituindo o basto, botas country e sem falar no laço, que qualquer dia vai ser (se já não está sendo) substituído pela corda... E a trilha sonora... a (agora famosa e oficial) música sertanejo-universitária, que de sertaneja também não tem nada.
Miles e Miles de duplinhas que têm o único intuito de se aproveitarem da moda e assim ganharem milhares de reais e com isso ainda dizerem que têm família pra sustentar e alimentar, etc, etc.
Hoje em dia nem tento mais achar um fundo “cultural” nisso tudo, pois a minha música está cada vez mais sendo ouvida por menos gente e com isso estou cada vez mais caseiro e recluso em meu casulo, como grandes compositores gaúchos que não saem mais de suas casas.
Tenho tentado me contentar como a minoria que se cala e acaba ficando em casa ouvindo um Noel Guarany, um Marco Aurélio Vasconcellos, um Cesar Passarinho, um Cenair Maicá, um Leonel Gomez, um Jayme Caetano Braun, um Luiz Marenco, à espera de um novo tempo em que se olhe pra trás e se enxergue o que um dia foi nosso.

Juliano Gomes
Porto Alegre, 23 de Abril de 2012.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

REPERTÓRIO CD NOVO

Bueno amigos...
Como todos já sabem, estamos gravando e já está em fase final de gravações o CD "A modo de anunciação" aqui no Trio Estúdio, em Porto Alegre.
Um projeto que tenho com meus companheiros de trio, Rodrigo Maia e Fabiano Torres.
O CD reúne algumas das músicas que eu e meus amigos compositores fizemos e participamos de alguns festivais por aí. Além de mim (voz, violão e guitarrón), Rodrigo Maia (baixo acústico) e Fabiano Torres (gaita botonera e acordeon cromático), esse trabalho tem a participação especial de Clarissa Ferreira (violino), Fernando Leitzke (teclado) e mais alguma participação especial que ainda está em negociação.
Estamos fazendo com todo carinho, por isso toda essa demora.
Não esqueço também que estou devendo o CD "Solito no más" que está encostado por enquanto, devido a uma melhor escolha no repertório e a minha gaita estar para afinar em Caçapava do Sul no meu amigo Deco.
Portanto, resolvi presentear os amigos e postar aqui o repertório (depois de tanto tempo tirando uma que outra e botando mais alguma) do CD.
Esperamos que os amigos se agradem.


CD "A MODO DE ANUNCIAÇÃO"
(a ordem das músicas ainda pode ser modificada)


1.  VESTIDITO AMARILLO (part. esp.: Clarissa Ferreira)
(Evair Suarez Gomez e Juliano Gomes)

2. PICADOR (part. esp.: Fernando Leitzke)
(Evair Suarez Gomez e Juliano Gomes)

3. MANEADOR, SIM SENHOR!
(Evair Suarez Gomes e Juliano Gomes)

4. BATISMO (part. esp.: Clarissa Ferreira)
(Sergio Carvalho Pereira e Juliano Gomes)

5. UM CHAMAMECITO NO MÁS
(Fernando Soares e Juliano Gomes)

6. ALPARGATITA
(Evair Suarez Gomez – Cristian Camargo – Juliano Gomes)

7. PRA UM BUÇALZITO NO MÁS
(Evair Suarez Gomez e Juliano Gomes)

8. PALANQUERO
(Evair Suarez Gomez – Mauro Moraes – Leonel Gomez – Juliano Gomes)

9. RODEIO DAS ENTORADAS
(Evair Suarez Gomez – Rogério Ávila – Juliano Gomes)

10. A MODO DE ANUNCIAÇÃO
(Sergio Carvalho Pereira – Juliano Gomes)

11. SEBRUNA
(Evair Suarez Gomez – Juliano Gomes)

12. JUAN DOMINGUEZ, SIM SENHOR!
(Evair Suarez Gomez – Juliano Gomes)



Grande abraço a todos.
Juliano Gomes.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

CONSIDERAÇÕES

Ontem enquanto meu time ainda ganhava o jogo, eu já tinha decidido escrever esse texto.

Após dois anos sem ver e nem sentir falta, ontem tive a infelicidade de assistir um jogo da Libertadores da América pela Globo.

Minha tristeza, que já vem de tempos, só aumentou ao ver uma equipe que a princípio e por questões de lógica e ética devia ser imparcial – dava pra sentir na manifestação mesmo que oral de um locutor infeliz e de um comentarista despreparado e de uma carreira sem sucesso nenhum – narrando o jogo como se houvesse só um time e, pior, só um jogador. Não nego que “ele” (o Neymar) seja bom. É muito bom e fora dos padrões normais. Beleza. Só que me refiro àquela velha história que pro resto do Brasil, não existimos.

Nós gaúchos somos meros coadjuvantes.

Não prego aqui nenhuma separação e nenhuma revolta armada, militar ou política. Tenho certeza de não ser o rei da verdade e de que não estou sozinho nesse pensamento. Mas convenhamos, povo gaúcho! Será que passaremos a vida inteira sendo desmoralizados, envergonhados e feitos de idiota?

Pro resto do Brasil, somos considerados veados, grossos, ignorantes e burros (tudo bem que tem gente pra todos gostos, mas não é regra), porém temos a história que o resto do país não tem. Temos vergonha na cara e lutamos pelo que achamos certo (pelo menos é nisso que venho querendo acreditar a muito tempo).

Impressiona-me muito um povo que interage e ainda torce pelos personagens de uma novela ou um big brother. Mas é isso que acontece. Uma mídia com uma programação vergonhosa, baseada em novelas. (Isso é ficção... Tudo mentira meus amigos... Não fiquem bravos porque a personagem má da novela fica fazendo falcatruas e maldades pra todo mundo.), programas para palhaços (os de auditório como o do nosso amigo Faustão, que ri da cara do povo, com os bolsos cheios de dinheiro e sabe disso) e esse programa que cria personalidades que ficam famosas por passarem 3 meses comendo do bom e do melhor, tirando a roupa e agora ainda fazendo sexo ao vivo, dando milhares de reais pra Embratel e pra Globo a cada paredão. Esses seres que ficam confinados sem terem o que fazer a não ser mostrar o próprio corpo são artistas e personalidades pra eles. Mas a mim não enganam.

Sei que após a publicação desse texto serei apoiado por poucos e criticado e odiado por muitos que dirão que sou isso ou aquilo e quem sou eu para dar moral para alguém e blá, blá, blá. Porém tenho vergonha na cara.

Agora a maioria dirá que falo demais e que não tenho razão no que falo porque a maioria vence. Quando eu morrer, serei taxado de mais um revolucionário. Porém quem se cala frente aos dominantes acaba sendo engolido e dominado, voltando a viver a sua vidinha de assalariado em suas casas e vendo o mundo passar sem tomar alguma providência, nem que seja ela verbal. Isso se chama atitude.

O quê dizer disso tudo?

Sou desmoralizado, feito de idiota, grosso e ignorante.

Sou brasileiro acima de tudo, porém sou gaúcho e me orgulho muito mais.

Juliano Gomes

Porto Alegre, 0:47h de 05/04/12