sexta-feira, 6 de abril de 2012

CONSIDERAÇÕES

Ontem enquanto meu time ainda ganhava o jogo, eu já tinha decidido escrever esse texto.

Após dois anos sem ver e nem sentir falta, ontem tive a infelicidade de assistir um jogo da Libertadores da América pela Globo.

Minha tristeza, que já vem de tempos, só aumentou ao ver uma equipe que a princípio e por questões de lógica e ética devia ser imparcial – dava pra sentir na manifestação mesmo que oral de um locutor infeliz e de um comentarista despreparado e de uma carreira sem sucesso nenhum – narrando o jogo como se houvesse só um time e, pior, só um jogador. Não nego que “ele” (o Neymar) seja bom. É muito bom e fora dos padrões normais. Beleza. Só que me refiro àquela velha história que pro resto do Brasil, não existimos.

Nós gaúchos somos meros coadjuvantes.

Não prego aqui nenhuma separação e nenhuma revolta armada, militar ou política. Tenho certeza de não ser o rei da verdade e de que não estou sozinho nesse pensamento. Mas convenhamos, povo gaúcho! Será que passaremos a vida inteira sendo desmoralizados, envergonhados e feitos de idiota?

Pro resto do Brasil, somos considerados veados, grossos, ignorantes e burros (tudo bem que tem gente pra todos gostos, mas não é regra), porém temos a história que o resto do país não tem. Temos vergonha na cara e lutamos pelo que achamos certo (pelo menos é nisso que venho querendo acreditar a muito tempo).

Impressiona-me muito um povo que interage e ainda torce pelos personagens de uma novela ou um big brother. Mas é isso que acontece. Uma mídia com uma programação vergonhosa, baseada em novelas. (Isso é ficção... Tudo mentira meus amigos... Não fiquem bravos porque a personagem má da novela fica fazendo falcatruas e maldades pra todo mundo.), programas para palhaços (os de auditório como o do nosso amigo Faustão, que ri da cara do povo, com os bolsos cheios de dinheiro e sabe disso) e esse programa que cria personalidades que ficam famosas por passarem 3 meses comendo do bom e do melhor, tirando a roupa e agora ainda fazendo sexo ao vivo, dando milhares de reais pra Embratel e pra Globo a cada paredão. Esses seres que ficam confinados sem terem o que fazer a não ser mostrar o próprio corpo são artistas e personalidades pra eles. Mas a mim não enganam.

Sei que após a publicação desse texto serei apoiado por poucos e criticado e odiado por muitos que dirão que sou isso ou aquilo e quem sou eu para dar moral para alguém e blá, blá, blá. Porém tenho vergonha na cara.

Agora a maioria dirá que falo demais e que não tenho razão no que falo porque a maioria vence. Quando eu morrer, serei taxado de mais um revolucionário. Porém quem se cala frente aos dominantes acaba sendo engolido e dominado, voltando a viver a sua vidinha de assalariado em suas casas e vendo o mundo passar sem tomar alguma providência, nem que seja ela verbal. Isso se chama atitude.

O quê dizer disso tudo?

Sou desmoralizado, feito de idiota, grosso e ignorante.

Sou brasileiro acima de tudo, porém sou gaúcho e me orgulho muito mais.

Juliano Gomes

Porto Alegre, 0:47h de 05/04/12

Um comentário:

Arthurisx disse...

Esse tempo de domínio da TV aberta, da Globo para ser mais especifico, está com seus anos contados. A popularização da internet contribui para isso. Entendo isso quando vejo que pessoas da minha idade (tenho 17 anos) assistem muito menos à TV aberta do que as gerações anteriores. Eu, por exemplo, quanto mais assisto ao canal supracitado mais percebo sua baixa qualidade. Acredito que daqui a alguns anos o cenário midiático será completamente diferente.