terça-feira, 2 de outubro de 2012

BRINCANDO DE MÚSICA


Eis aqui meu manifesto sobre um assunto muito pertinente, já que trata do meu ramo, trabalho e ideal: a música regional gaúcha.

Em primeiro lugar, vocês podem dizer (e muitos, novamente, dirão) que eu não deveria falar nada a respeito e que, realmente, cada um deve fazer a sua parte e não se preocupar com os outros, mas sempre parti do dito “quem cala consente”. Y bueno... Vamos ao que interessa...

Quando descobri meu interesse pela música regional – pela gaita de botão, mais precisamente – procurei quem me desse aulas e me atraquei, tentando com todas forças ser o melhor que podia. Freqüentei as aulas por 13 meses e durante todo esse tempo dei “nojo” na vizinhança treinando todo santo dia na garagem de casa. Só me atrevi a tocar quando me achei em condições de, pelo menos, não fazer fiasco e mesmo assim depois de ter sido indicado pelo meu professor, que já me achava em tais condições; e conheço muita gente que fez o mesmo.

Bueno... Os anos passaram...

Hoje em dia vejo uma inversão de valores e de ambos os lados. De um lado, gente brincando de música. Gente despreparada que simplesmente pega uma caneta ou um violão e pronto... Ta feita a música! De outro lado, gente que não tem a mínima condição de julgar e dizer se essa tal música tem algum fundamento, tanto na parte poética como melódica e harmônica. Desculpem-me, mas infelizmente quando se trata de um julgamento, temos que partir pra análise técnica...

Muitos perguntarão: onde ele quer chegar com isso? Simples...

Estudem... Perguntem pra quem já está na estrada há tempos, possui conhecimento e tem o devido reconhecimento por isso. Informem-se sobre quem escreve com propriedade e não tenham vergonha ou medo de pedir ajuda. Isso só irá fazer-lhes bem e só acrescentará. Grandes poetas, cantores, compositores e músicos já pediram ajuda. Aliás, isso é um dos motivos que os faz grandes. A humildade. Isso se chama consciência musical.

Pra terminar (pelo menos por enquanto), vai outra dica: um bom músico e/ou compositor sempre gosta das coisas nos seus devidos lugares. Lugar de Prefeito e Vereador é na Prefeitura e Câmara de Vereadores respectivamente e não numa Comissão julgadora de um festival de música. Já dizia Don Alfredo Zitarrosa: Una cosa es una cosa y otra cosa es outra cosa.

Francamente!!!

3 comentários:

Renato Fagundes disse...

Bueníssimo!

marcelo d´avila disse...

Excelente post, Juliano. Sempre fui - e continuo sendo - um defensor incondicional da técnica. Na minha atividade poética, busquei sempre o estudo, o aprimoramento, tanto através da leitura de textos técnicos quanto da realização de oficinas de literatura. E, sobretudo, da leitura de muita poesia, não apenas regional mas universal. Ler os grande mestres é condição fundamental. É preciso saber POR QUE um texto literário é bom ou não. E, como dizes, muitas vezes somos "julgados" por quem não tem o mínimo conhecimento. É triste constatar, por exemplo, erros grosseiros de gramática em letras de composições. Mostra que o autor sequer conhece seu principal instrumento de trabalho. Parabéns pelo texto!
marcelo d´ávila

Lucieli disse...

Falou e disse... Parabéns pelo texto... Disseste tudo!